Medo a Caminho (2016)
Rui Catalão
Rui Catalão (n. 1971) apresentou nos últimos seis anos uma série de solos autobiográficos: “Dentro das Palavras”, “Av. dos Bons Amigos”, “Canções i Comentários”, “A Grande Dívida – ciclo de conferências” e “Trabalho Precário”. Neles faz o retrato da vida privada da sua geração. Usando este modelo, dirigiu ainda o jovem amador de origem moçambicana Luís Mucauro no solo “Medo a caminho”. Em 2016 apresentou “Judite” (no Teatro Nacional D. Maria II) e, já em 2017, “Assembleia” – peça em que o próprio publico é convocado para debater assuntos que interessam à comunidade. Paralelamente, tem desenvolvido projectos pedagógicos, como “Domados ou não” e, mais recentemente, a oficina de teatro “Agora, faz tu!”, com incidência em métodos de trabalho, construção dramatúrgica, autonomia criativa e tomadas de decisão em tempo real. Escreveu também “Ester” para o programa de teatro juvenil Panos, da Culturgest. O seu trabalho ronda a fronteira entre o espaço privado e o espaço público, os temas da memória, da fragilidade, da manipulação e da transparência. Nos últimos 16 anos, trabalhou em peças de João Fiadeiro (estreou-se com “O que eu sou não fui sozinho”, em 2000), Miguel Pereira, Ana Borralho-João Galante, Manuel Pelmus, Mihaela Dancs, Madalina Dan, Edi Gabia e, mais recentemente, as revelações Sofia Dinger, Urândia Aragão e Elmano Sancho. Também trabalhou com Tonan Quito na encenação de “Fé, Caridade, Esperança”, em que reescreveu parcialmente o texto de Odon von Horvath a partir de testemunhos dos amadores que participaram nos elencos do espectáculo. Para cinema, escreveu os guiões de “O capacete dourado” e “Morrer como um homem”, participou como actor em “A Cara que mereces”, foi jornalista, crítico musical e de literatura no jornal Público e no Jornal de Sintra. Organizou e editou “Anne Teresa De Keersmaeker em Lisboa” e escreveu “Ingredientes do Mundo Perfeito”, sobre a obra teatral de Tiago Rodrigues.
A sua experiência educativa iniciou-se em 2008, num workshop que dirigiu na Universidade de Cluj (Roménia). Em 2010, durante a preparação de "Dentro das Palavras", organizou sessões diárias de trabalho com crianças do ensino básico, inserido no programa educativo da Galeria ZDB. Em 2011 acompanhou seis grupos de artistas (inseridos na programação do Teatro Maria Matos), e dirigiu três workshops ao longo de três meses, cada um deles alusivos às etapas de construção de um trabalho; dirigiu os alunos do 2º ano de Dança da escola profissional Balleteatro, Porto, de que resultou a peça “Domados, ou não” (apresentada em Serralves em Festa 2011); inserido no Projecto EVA, promovido pelo Clube Português de Artes e Ideias, dirigiu os jovens do bairro social Terraços da Ponte no projecto “Quinta do Mocho”; escreveu a peça “Ester” para o programa Panos 2013 de teatro juvenil da Culturgest, e deu um workshop com os professores e encenadores dos doze grupos que encenaram o seu texto; em 2014 leccionou uma oficina de dramaturgia na Fundação Serralves; em 2015, dirigiu sete grupos de jovens, em cidades diferentes (Barreiro, Moita, Palmela, Montijo, Buenos Aires, Lisboa, outra vez Moita), na oficina de teatro AGORA, FAZ TU!, que até à data continua a realizar. A sua mais recente peça, “Assembleia”, assim como a próxima, “Hipnotismo, Amadorismo, Jornalismo” baseiam-se igualmente em oficinas de trabalho, em que os participantes ganham consciência dos problemas comunitários, recolhendo depois histórias, que informarão a dramaturgia do espectáculo.
Marta Moreira <>
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